Daniele Araldi

Pecuária: rumo à sustentabilidade

Sem dúvida, o produtor rural é um grande preservador do meio ambiente por suas práticas conservacionistas, uso de tecnologias, etc. Porém, ainda é preciso avançar em relação à sustentabilidade. Na pecuária, diversos estudos têm sido conduzidos na busca por alternativas que reduzam a emissão de metano diminuindo os impactos nos sistemas produtivos. O metano é um gás que contribui para o aumento do efeito estufa e é proveniente da produção de combustíveis fósseis, as atividades agrícolas e pecuárias, aterros de resíduos urbanos e estações de tratamento de esgotos.

Avanço nas pesquisas

A Embrapa Pecuária Sul vem trabalhando em pesquisas sobre o impacto dos gases do efeito estufa nos sistemas pecuários. Recentemente, o grupo de pesquisadores desenvolveu uma metodologia que mensura a emissão de metano por bovinos, para identificar animais que geram menor emissão do gás para cada quilo de alimento consumido e por quilo de peso produzido. A Prova de Emissão de Gases (PEG) tem sido aplicada em touros das raças Angus, Braford, Charolês e Hereford, e os resultados poderão auxiliar os produtores de touros dessas raças a qualificar os animais com baixa emissão, tanto na venda dos reprodutores quanto na venda do sêmen destes animais.


Metodologia mede emissão de metano

Um equipamento medidor é acoplado ao animal durante cinco dias para determinar a emissão de metano e o resultado é expresso em gramas de metano emitidas por dia. Pesquisadora da Embrapa, Dra. Cristina Genro explica que, durante o experimento, os animais recebem uma dieta equilibrada e o consumo é controlado a partir de cochos eletrônicos que permitem avaliar a conversão alimentar dos animais e a quantidade de gases emitidos. Os dados permitem apontar quais os animais serão mais eficientes para o produtor.


Benefícios financeiros e ambientais

Segundo a pesquisadora, além de apontar os animais mais eficientes, a metodologia auxilia nas estratégias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na cadeia produtiva bovina. Animais mais eficientes produzem mais carne com custo menor para o produtor e emitem menos metano, auxiliando o Brasil a atingir as metas assumidas em 2021, junto ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para redução das emissões de GEE em 30%, em vários setores da economia.


Mercado de carbono

Além da seleção de animais mais eficientes, o sistema produtivo em que eles são manejados também tem um grande potencial de sequestro de carbono. Pastagens bem manejadas com atenção a altura de pastejo e a qualidade das espécies forrageiras podem contribuir para a geração de créditos de carbono. E esse mercado é considerado uma ferramenta política e econômica fundamental para alcançar a mitigação dos GEEs, mas seu correto funcionamento ainda depende de uma supervisão regulatória adequada tanto em jurisdição nacional quanto internacional. Aguardemos os próximos passos.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

imagem Daniele Araldi

POR

Daniele Araldi

Trigo: preço sobe à medida que se confirmam as perdas Anterior

Trigo: preço sobe à medida que se confirmam as perdas

Carne de frango: novos mercados Próximo

Carne de frango: novos mercados