Sem dúvida, o produtor rural é um grande preservador do meio ambiente por suas práticas conservacionistas, uso de tecnologias, etc. Porém, ainda é preciso avançar em relação à sustentabilidade. Na pecuária, diversos estudos têm sido conduzidos na busca por alternativas que reduzam a emissão de metano diminuindo os impactos nos sistemas produtivos. O metano é um gás que contribui para o aumento do efeito estufa e é proveniente da produção de combustíveis fósseis, as atividades agrícolas e pecuárias, aterros de resíduos urbanos e estações de tratamento de esgotos.
Avanço nas pesquisas
A Embrapa Pecuária Sul vem trabalhando em pesquisas sobre o impacto dos gases do efeito estufa nos sistemas pecuários. Recentemente, o grupo de pesquisadores desenvolveu uma metodologia que mensura a emissão de metano por bovinos, para identificar animais que geram menor emissão do gás para cada quilo de alimento consumido e por quilo de peso produzido. A Prova de Emissão de Gases (PEG) tem sido aplicada em touros das raças Angus, Braford, Charolês e Hereford, e os resultados poderão auxiliar os produtores de touros dessas raças a qualificar os animais com baixa emissão, tanto na venda dos reprodutores quanto na venda do sêmen destes animais.
Metodologia mede emissão de metano
Um equipamento medidor é acoplado ao animal durante cinco dias para determinar a emissão de metano e o resultado é expresso em gramas de metano emitidas por dia. Pesquisadora da Embrapa, Dra. Cristina Genro explica que, durante o experimento, os animais recebem uma dieta equilibrada e o consumo é controlado a partir de cochos eletrônicos que permitem avaliar a conversão alimentar dos animais e a quantidade de gases emitidos. Os dados permitem apontar quais os animais serão mais eficientes para o produtor.
Benefícios financeiros e ambientais
Segundo a pesquisadora, além de apontar os animais mais eficientes, a metodologia auxilia nas estratégias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na cadeia produtiva bovina. Animais mais eficientes produzem mais carne com custo menor para o produtor e emitem menos metano, auxiliando o Brasil a atingir as metas assumidas em 2021, junto ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para redução das emissões de GEE em 30%, em vários setores da economia.
Mercado de carbono
Além da seleção de animais mais eficientes, o sistema produtivo em que eles são manejados também tem um grande potencial de sequestro de carbono. Pastagens bem manejadas com atenção a altura de pastejo e a qualidade das espécies forrageiras podem contribuir para a geração de créditos de carbono. E esse mercado é considerado uma ferramenta política e econômica fundamental para alcançar a mitigação dos GEEs, mas seu correto funcionamento ainda depende de uma supervisão regulatória adequada tanto em jurisdição nacional quanto internacional. Aguardemos os próximos passos.